segunda-feira, 2 de março de 2009

UM GRANDE BURACO

Escusam de dar voltas à cabecinha à procura de explicações muito profundas para a foto que estão a mirar que ela não tem nada de complicado. É um BU-RA-CO. Isso mesmo. Um buraco numa parede. O que é que me deu? Nada de especial. Achei original fotografar um buraco. Mas não é um buraco qualquer. Ora atentem bem. Um buraco com uma risca de sol. Eu explico. Por trás da parede havia uma casa. Agora já não há. A casa tapava o sol da parede. Agora que a casa caiu de podre o sol já apanha a parede e ilumina-lhe os buracos. Não está lá muito bem explicado? Então eu vou esforçar-me. A porcaria da rua está uma desgraça. É mais restos de casas que casas de gente. O progresso vem aí, dizem. Mas enquanto não vem, as casas passam a ser muros com restos de janelas e algumas telhas a ameaçar o transeunte. E o que é que isto tem de interessante? Muito. Muito. Daqui a uns anos esta fotografia pode constituir um documento importantíssimo para o acervo do arquivo histórico que relatará as proezas da edilidade que permitiu que os buracos tivessem sido transformados em apartamentos de luxo, com música do Toni Carreira na escada e estores eléctricos que deixam a casa às escuras quando o apagão os apanha com as ripas em baixo. Agora as coisas já começam a fazer algum sentido, não? Começam e acabam, que eu é que me meti neste buraco de escrever parvoíces à segunda-feira, depois dum fim de semana para esquecer em que se pespegou cá em casa a Tia Auzenda que fala, fala, fala, com a voz a sair pelo alto da mona com mais poder perfurante que um berbequim profissional. Conhecem esse tipo de vozes? Oh sorte malvada. Tenho de fazer apelo às minhas mais recônditas capacidades de reformulação das adversidades, empenhando-me no entrosamento das diferentes sinergias optimizadoras do bem estar auditivo.

Nota: Estou mesmo a ouvir alguns dos senhores: Ela tem alguma piada. Mas que tem um pancadão, ah lá isso... Bem verdade, meus amigos, bem verdade. E ainda bem que assim é que, doutro modo, já tinha caído nalgum buraco maior do que o do orçamento de estado.

Beijinhos. Beijinhos.

17 comentários:

Rosa dos Ventos disse...

Há, de facto, por aí muito buraco, mas também muito condomínio fechado para os taparem, não é?:-))

Abraço

Conversa Inútil de Roderick disse...

Há por aí habitações de luxo que são grandes buracos, lá isso há!

Graça Pires disse...

Desta vez está a falar de coisas sérias. Das diferenças entre uns e outros e das casas que habitam. Quanta desigualdade!...
Um beijo.

Justine disse...

Eu cá acho, Dona Tela, que, considerando que o texto foi elaborado após um fim-de-semana com a Tia Auzenda, descreveu perfeitamente o cenário apocalíptico da sua(e de outras) ruas!

Maria disse...

Eu acho que a Dona Tela andou a ver muita televisão neste fim de semana. Se calhar esse buraco aí da rua foi a causa de um certo apagão que houve algures neste país...
E buracos há tantos, Dona Tela. E quanto mais mexem, mais destapam...

Tenha uma boa semana, Dona Tela.

Alberto Oliveira disse...

... cada um tem o buraco que merece... a bem dizer.
Veja lá o meu caso que tenho um buraco numa das peúgas de um par que me custaram os olhos dos pés, perdão, da cara.

Antigamente (lá vem a ladainha do costume) comprava o mesmo artigo por um preço muito mais baixo e durava mais que as pilhas duracel. Agora é o que se vê: uma caminhada a penantes (para descansar a vista) de Marvila a Belém, e fica-se logo com uma ou duas "batatas" nas peúgas, Não é menos verdade que tenho o mau costume de apenas cortar as unhas dos pés quando faço anos, mas acha que isso é motivo suficiente para não me lamentar?

~pi disse...

berbequim e buraco é um assunto tão bom

como qualquer outro!!

aliás, incontornável!:)

boas escavações, dona tela, aproveite este solinho e

e... pronto, escave!!


beijinhos e abraços




~

Táxi Pluvioso disse...

Sim é muito difícil fotografar um buraco, são orifícios em vias de extinção no Portugal rico. Mais dois meses e a foto vale um balúrdio.

Não há nada pior que "viagens com a minha tia"... em casa.

Boa semana.

WOLKENGEDANKEN disse...

Sob o ponto de vista estetico o buraco cheio de luz é muito bonito. Até podia ser uma cova, uma obra de arte .....
Mas claro se é o buraco duma parede da casa onde alguem pretende viver em condicioes já é menos bonito

JC disse...

Há por aí tantos buracos. A cada dia qe passa surge sempre mais algum. E quem os tapa?

Um beijo

Manuel Veiga disse...

é o que se chama um buraco com tendência a alargar... com o progresso. espere-lhe pela pancada!...

e olhe que durante o fim de semana não faltaram "picaretas falantes", para além da sua tia Auzenda...

beijinho

Arábica disse...

Eu tenho dias em que gostava de ter um "buraco" numa praia quente com olhos para o mar :)


Um buraquinho qualquer me servia :)



Beijinhos TelinhaDona :)

Rui Caetano disse...

pois pois

f@ disse...

è mesmo só buracos...
temo que sejam + ainda que aqueles que vemos...

os buracos invisiveis são os piores...

beijinhos

M. disse...

Cada vez componho mais a sua imagem no meu pensamento, amiga Tela: estatura, gestos, olhar brincalhão, tão forte e incisiva é a voz com que nos fala de si e do mundo onde se move.

Táxi Pluvioso disse...

Que o tibunal de contas não encontre o buraco se não... tapa-o. bfds

bettips disse...

Há os buracos normais e há os buracos "dos anormais". Creio que o seu, donatela, é de rua, de parede, tipo aplique, marca da freguesia. Ficou muito giro, tentou lá meter a sua tia Ausência? Mas olhe, nunca por nunca
lhe ponha a cassette do Toni
que ela não vai sair daí.
Olhe, obrigadinha pela dica da mulher que me permitiu ter uma resposta à maneira (minha).
Bjinhos