segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O moinho e o burro

Passo por lá tantas vezes e só agora calhou tirar-lhe o retrato. Lhe não, lhes, ao moinho e ao burro.  Há ideias engraçadas. Parece vivo, o bicho.Não sei como lhe chamam, mas para mim é Burro, Senhor Burro, Burro Propriamente Dito e quejandos. Gostaram do "quejandos"? É assim. Há palavras que não se usam,  que são ridículas, que ficam com cara de pessoas mentalmente debilitadas. Esta é uma delas. Eu gosto de as usar e de ver o sorrisinho de escárnio nas gentes que as ouvem e que ficam com ar de pena de mim. Também gosto de dizer eflúvios e cefaleias e intermitências, mesmo que não saiba exactamente o que querem dizer. Aliás, já devem ter reparado que estas minhas crónicas de trazer por casa têm muito palavrão importante, a que eu até costumo dar destaques com bold e tamanho maior e cores berrantes, e assim... Manias, não muito condizentes com uma pessoa da minha idade. Há quem julgue até que sou uma provecta sexagenária ou uma velha professora primária com algum buço e óculos de aro de tartaruga. Vejam bem o que dá uma pessoa ser coleccionadora de vocábulos exóticos! E se eu coleccionasse borboletas ou selos dos PALOP's? Não seria também curioso? Um dia penso nisso. Até lá, vou escrevendo textos muito soltos, muito desprendidos, nada umbiguistas que, para isso, bem nos bastam os discursos de certos políticos do EU, EU, EU.
EU CÁ NÃO. O meu estilo literário é muito mais abrangente e solidário.

11 comentários:

Justine disse...

Senhora Dona Tela, nunca a Senhora falou tanta verdade em tão exíguo texto. E toda a parafernália da sua colecção verbal até está em concomitância com estes tempos discursivos que estamos a viver, cansativamente.
Bem haja:))

Maria disse...

Boa tarde Dona Tela. Além de palavras difíceis que eu também fazia na escola mas não eram estas a Senhora usa também palavras estrangeiras, sim, o tal de bold a que eu costumo chamar preto carregado como se houvesse preto light...

Obrigada por este sorriso com que iniciei a viagem de hoje na blogosfera.

vieira calado disse...

Sim!

Foi ele, o Sócrates!

Até que enfim que caiu em si...

perdão, salvo seja...

Anônimo disse...

Mas o moínho , o burro é o burro , chamemos-lhe , pois então burro tout court , e ousemos chamar a outros, outros epitetos mais abrangentes no leque ou na gama , como só dizer-se quando nos referimos a produtos que só são da alta ou da média ... Sejamos pois soezes , e abandonemos alvitres , burro é burro , e não excelências nos mercados , mormente eleitorais ,,,
Gostei da sua distracção fotográfica , e das suas palavras
muito ...
Os meus singelos cumprimentos , amável senhora :
_______ JRMARTo

Rosa dos Ventos disse...

Como estou completamente bloqueada do ponto de vista linguístico, faço minhas as palavras da Justine, pedindo-lhe desculpa pela usurpação do seu vocabulário muito bem seleccionado!

Abraço

Táxi Pluvioso disse...

Eu gosto de dizer "asfixia democrática". bfds

Graça Pires disse...

Gosto de a ler Dona Tela. E gostei da fotografia do moinho e do burro.
Um beijo.

M. disse...

Continue assim que eu gosto do seu estilo, Telinha. Dá-me ânimo lê-la, alivia-me da burrice que flutua por aí e me fura os ouvidos.

Manuel Veiga disse...

o seu burro é de moleiro, Dona Tela. deixo-o fica lá onde está e não o ponha a carregar palavas caras.

porque se habitua ainda quer aprender... inglês. "técnico", está bem de ver...

beijinhos

Luis Ferreira disse...

Excelente texto...

Adorei por aqui ter navegado e ter tido a oportunidade de ler este seu texto...

Parabéns

Amanha lanço o meu 3º livro, gostava de ter a honra da sua presença

Com amizade
Luis

Arábica disse...

Telinha Dona,

os palavrões que eu aprendo consigo! Quejandos...sim senhora, soa-me bem, sou mulher capaz de adoptar também eu o dialecto de sexagenária :)) com buço. Não esquecer: com buço. Que me dá assim um ar de ruralidade a atirar para o atrevido. De resto como alguns dos nossos politicos.

E julgam-se eles, grandes senhores do mundo! :))


Beijos e xi corações :)