Uma alma sensível

Já deve ter dado para perceber que eu sou uma alma sensível que gosta de beleza e da natureza e dos bichinhos e coisas assim românticas. Também lhes digo que essa minha maneira de ser muitas vezes me tem trazido amargos de boca como se tivesse bebido umas caipirinhas feitas pelo meu amigo Xico que me pusessem à beira de transgressões às normas vigentes nesta sociedade ocidental enformada pelos princípios da moral cristã. Como daquela vez em que me deu para insultar o infante dos descobrimentos ali mesmo ao pé do padrão e foi uma grande bronca que ninguém me tirava de lá e e eu acabei a chorar que nem uma perdida e a gritar tu é que tiveste a culpa se não fossem as tuas ideias hoje o brasil não nos tinha ensinado a fazer caipirinhas e se calhar nem se chamava brasil e ai o meu rico estômago e a minha cabecinha está bem as perninhas é que me estão a trair e eu preciso duma bengala e depois devo ter apagado que o resto são os meus amigos que me contam e aí eu não me posso fiar que devem ter empolado o caso para gáudio dos circunstantes.
Ora onde é que eu ia? Ah, nisso de eu ser sensível. Sensível e mal amada. Vêem a linda e animada imagem ali à direita alta? Não é verdade que a gente imagina logo aquelas noites quentes de verão com festas populares, muita música para abanar e/ou encostar, suspiros doces, pratinhos de salada de orelha, barraquinhas de sai-sempre e, quando a comissão de festas tem fundos bem geridos, um rico espectáculo de fogo de artifício cujas são as explosões supra? Para mim isso é muito claro. Agora anotem o que disse o dito cujo: Ó Tela, a mim parece-me mais a saraivada de bosta que me apetecia atirar às fuças de um certo inspector da AZAI que teve a lata de me multar porque a mangueira do aspirador não tinha as medidas regulamentares.
Lá que ele tem muita razão em estar fulo com o snoopy-da-marteleira ninguém o pode negar, mas não compreender a poesia que me vai na alma isso é que dói. Ai, ai...